As Reuniões de Atualização Científica (RAC) tem uma longa tradição na nossa instituição, SOBRAMFA- Educação Médica e Humanismo. Ao longo de mais de 20 anos, todas as semanas, nas segundas feiras das 14:30 às 16 hs as RAC acontecem impreterivelmente. São, até o momento, mais de 1000 reuniões totalizadas, completando um número maior que 1.500 horas. As RAC são o elemento base para construir uma cultura médica centrada no paciente, na pessoa e não somente na doença, que é a base da medicina humanística praticada na nossa Instituição. E, por conta dessa importância, nunca são suspensas ou canceladas: é tempo privilegiado, protegido contra qualquer outra eventualidade, que garante a construção da cultura, a “fluência no idioma médico” que se fala na SOBRAMFA. Esse modelo Nonstop que apresentam, fez com que internamente sejam conhecidas como Marca-Passos Cientificos. Quer dizer, nunca se permite a assistolia científica, porque as RAC garantem o batimento no tempo certo, oportuno, regular, permitindo o crescimento fisiológico do conhecimento médico que é imprescindível para a prática clínica diária. A dinâmica das reuniões corre por conta de um apresentador que se encarrega de trazer artigos científicos de atualidade, relevantes à prática da medicina generalista. São por tanto essenciais para qualquer médico jovem em formação, para os estudantes de medicina (que têm dificuldade em integrar os conhecimentos provenientes das diversas especialidades) e também para os professores e médicos veteranos que colaboram e enriquecem a discussão. Deste modo, artigos extraídos do JAMA, New England, Australian Family Physician, Journal of Family Medicina, Canadian Family Physician e POEMS, são a base da discussão. São também discutidos casos provenientes da prática clínica, e das dúvidas na tomada de decisões que o cenário diário apresenta. O apresentador é também um âncora que gerencia os comentários dos assistentes, as perguntas e dúvidas, enfim, a discussão que costuma ser multivariada e que leva ao conhecimento construído, enriquecendo a cultura médica. Essas discussões são fundamentadas na Medicina Baseada em Evidências assim como na Medicina Centrada no Paciente A agenda de aprendizado inovadora permite aos jovens médicos desenvolverem o profissionalismo. Esta postura médica -o profissionalismo- é predicado de quem possui, além de excelência na formação técnica, comportamento pautado por valores humanísticos, integridade ética, altruísmo, lida adequadamente com a complexidade e a incerteza, e tem a capacidade incorporada de refletir sobre as decisões e ações. A integração de conhecimento que as histórias de vida e a discussão de casos de pacientes reais trazem para o estudante assume uma importância particular quando se trata de abordar questões de natureza ética. O ensino da ética deve contemplar, além do corpo teórico de conteúdo, espaço para discutir as dúvidas práticas dos estudantes, que abrangem todo o espectro da atuação clínica onde habitualmente a dúvida surge. Assim, os temas que vão desde a dificuldade em cuidar do paciente, e tratar com a família, até como lidar com a morte, o sofrimento e a medicina paliativa, sem excluir o relacionamento com os colegas, apontam para a necessidade de discutir significados, ao invés de estabelecer protocolos. As novas situações e contextos educacionais com que o aluno se depara ao longo dos anos na escola médica, suscitam os questionamentos anteriormente apontados, que pedem espaço para discussão, reflexão, resolução e autoconstrução ética de modelos e atitudes.
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