Há não muito tempo, uma paciente chegou ao consultório e comentou:
– Doutor, sabe o que ganhei de presente de aniversário do meu filho?
O que?
– Um aparelho para medir a diabetes em casa!!!
Eu respondi: puxa, no seu aniversário? mas porque ele não escolheu uma blusa, um perfume?
Este pequeno fato, verídico, ilustra uma situação que se torna cada vez mais comum no dia a dia das pessoas: a compra de aparelhos para medir glicemia (taxa de açúcar no sangue) em casa. Isto é feito sempre com a melhor das intenções, como no caso acima, porém sem orientação médica e por pacientes, diabéticos, que não tem indicação para ficar medindo a glicemia com frequência. Estudos recentes mostram que, em pacientes diabéticos que NÃO necessitam de uso de insulina, ou seja, os que tomam remédio apenas pela boca, não há benefícios em se ficar furando o dedo com frequência! Os dedos agradecem! Gentilmente expliquei tudo isto à paciente (ela NÃO toma insulina, apenas medicação via oral) e pedi para que reserva-se o uso do aparelho para uma única situação: medir a glicemia caso ela sinta-se mal e possamos pensar numa hipoglicemia (queda da taxa de açúcar no sangue).
Texto publicado na revista Viva Saúde