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Alessandro D’Avenia: “O que o inferno não é”.

Alessandro D’Avenia: “O que o inferno não é”. Ed Bertrand Brasil. Rio de Janeiro. 2017. 382 págs.

A tertúlia literária é o resultado desta viagem a Sicília através das páginas de um livro, e da mão do seu autor, natural de Palermo. Por isso, nos fala da máfia, das injustiças, do crime e da vingança numa cidade “em que o caos é apenas um tipo diferente de ordem:  Neste mundo, há quem nasce presa e quem nasce caçador. É a natureza que decide onde você tem de se colocar, o resto é coerência”.

Mas fala-nos, sobretudo, de que na vida o importante são as opções e as escolhas que cada um faz. É, pois, natural, que o escritor se auto represente no protagonista, Frederico, um jovem rapaz que percebe uma inquietude diferente na alma.  “Por que todo aquele nascer todas as manhãs? Não tem resposta o rapaz para o qual as pétalas caídas de uma rosa doem mais do que os espinhos e que todas as manhas se olha no espelho como um náufrago. O rapaz tem 17 anos e a vida para inventar. 17 não promete boa ventura, até mesmo os atores são feios e não acreditam que vão ficar bonitos. O sangue é quente e, quando aperta o coração com força, obriga-nos a decidir o que fazer com ele”

Frederico -ou Alessandro, porque parece-me que são a mesma personagem, o livro se revela inevitavelmente auto biográfico- é sensível, artista, poeta. “Graças à minha paixão por Dostoievski, ganhei o apelido de idiota: meus amigos passaram a me chamar assim no dia em que falei do livro com o entusiasmo de um cdf durante a prova oral de italiano, porque nele está escrito que a beleza salva o mundo”. Sua defesa da literatura e dos clássicos é contundente, o que corresponde à formação do próprio autor. Eis um diálogo com um companheiro da escola:

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DUMBO- Celebrando a diversidade e tirando o melhor das pessoas.

Dumbo. Diretor: Tim Burton. Colin Farrell, Michael Keaton, Danny DeVito, Eva Green, Alan Arkin, Nico Parker, Finley Hobbins, Deobia Oparei. 111 min. USA, 2019.

Dumbo. Diretor: Tim Burton. Colin Farrell, Michael Keaton, Danny DeVito, Eva Green, Alan Arkin, Nico Parker, Finley Hobbins, Deobia Oparei. 111 min. USA, 2019.

Como já comentei neste espaço, descobri em mim mesmo uma peculiar sintonia com Tim Burton. Demoraram alguns anos, salpicados de surpresas por vezes bizarras, mas -é preciso reconhecer- também de momentos inesquecíveis: As histórias do Peixe Grande, com um Albert Finney em estado de graça; o visual pictórico sedutor de Big Eyes, e finalmente O Lar das Crianças Peculiaresensinaram-me a olhar para este diretor singular com especial respeito. Burton chega agora com um filme que, conforme li em algum lugar, sempre quis fazer: Dumbo. Parece que também ele, como o elefante voador, sente-se de algum modo “carta fora do baralho”.

O tema é conhecido graças à história que Disney contou-nos há muitas décadas. Naquela época, as crianças chegávamos facilmente às lágrimas vendo as desventuras do pequeno elefante rejeitado, e saíamos do cinema com um impagável bom sabor de boca, vendo ele remontar às alturas, triunfando em final feliz. Mas, nem as crianças -nem os adultos pelo que me recordo- tiravam outras consequências dessa amável fábula, vertida em desenhos animados.